Nelson Mandela

Celebra-se os 100 anos do nascimento de Nelson Mandela e celebrar este aniversário, no nosso mundo, significa, não só relembrar o seu papel de lutador pela justiça e pela paz, como significa olhar para o estado actual da humanidade, e reconhecer que há um défice de direitos humanos, no nosso mundo. Ainda há poucos dias, saia a noticia, de que o governo argelino, tinha empurrado cerca de 450 migrantes para o deserto. Se somarmos a isto, o facto de que o actual governo na Itália é constituído por uma coligação de populistas xenófobos, sem contar com outros governos semelhantes pela Europa fora, podemos concluir que o mundo atravessa uma crise humanitária sem precedentes. Os Estados Unidos da América também não trazem nada de bom ao mundo…enfim, as pessoas estão mais frias e egoístas e parecem ter uma queda pelo abismo, o mesmo é dizer, governos populistas e reacionários. Pessoas da estirpe de um Nelson Mandela, fazem falta a este mundo, tão falho de valores humanitários, onde o mal impera nas suas piores formas. Até mesmo aqueles, que deviam fazer a diferença, pela sua postura, parecem sucumbir, ao fascínio por personagens sinistras, no mundo da politica, como é o caso da Igreja na América, que endeusou a personalidade de Donald Trump…vendendo-se por trinta moedas como Judas, ou melhor, por um punhado de medidas contra o aborto e o casamento gay, ainda por cima este último não conseguiu ser revertido.

É este o nosso mundo, nem sequer estou a ser pessimista, estou simplesmente a ser realista e a relatar o que sucede diariamente e é noticiado…um novo amanhã precisa-se para o nosso mundo, pessoas de alma nobre e amantes da justiça…e esse mundo vai chegar, mas por enquanto reinam as trevas.

Die Religion Die

Brian “Head” Welch, guitarrista da banda Rock chamada Korn, convertido ao Cristianismo compôs uma musica chamada “Die Religion Die”, o que pode parecer estranho para alguém convertido ao Cristianismo, antes de o julgarmos por isso, pensemos por um momento, no que é em muitos casos, o Cristianismo hoje.

O Cristianismo nasce da pregação de Jesus Cristo, durante três anos, em Israel, há 2000 anos atrás. O ênfase da sua pregação, era a conversão verdadeira a Deus, pela fé, na sua pessoa Jesus Cristo…e o mesmo encontrou a oposição dos fariseus, classe sacerdotal, e dos saduceus…racionalistas entre os grupos judaicos. Jesus apontava a estes, principalmente aos fariseus, o seu legalismo e a sua hipocrisia, estes conluiados com os Herodianos entregaram Jesus aos romanos, que o condenaram à morte, pela crucificação. Segundo os evangelhos, Jesus ressuscitou ao terceiro dia da sua morte, tendo os seus discípulos dado continuidade à sua doutrina.

Tudo isto é universalmente conhecido pelo mundo ocidental e o Cristianismo converteu-se numa religião universal. É este o problema, é que em muitos casos, o Cristianismo converteu-se numa doutrina de regras rígidas e tradicionais, tendo perdido aquilo que o caracterizava no início. Não estou dizendo, que entre os cristãos, não existam seguidores genuínos, mas em muitos casos, uma grande parte dos seus seguidores, tornaram-se autênticos fariseus. Quando Brian “Head” Welch compõem uma canção chamada “Die Religion Die”, é a isto que se refere, Brian é um ex-toxicodependente que viveu um autêntico inferno e certamente deve ter ouvido bastantes “mimos” da parte dos modernos fariseus, que o condenavam pelo seu estilo de vida…e agora o condenam pelo seu estilo de evangelização, bem no meio dos Korn, através do Heavy-Metal. O que Brian prova, é que não existem métodos rígidos de evangelização e nem só a musica dos grandes corais é musica cristã. Sigamos um verdadeiro Cristianismo, e não só um amontoado de tradições e regras humanas.

Sobre o Mundial de 2018

Neste momento, decorre o Mundial de futebol de 2018, na Rússia, para mim, que não gosto de futebol, isso traz algumas consequências, mas a consequência principal é que a televisão está entupida por desporto…os jogos mais os programas de análise dos jogos. Nestes dias, pessoas como eu, que veem os programas de informação…são preteridas, em favor de uma massa anónima e amorfa, que consome doses maciças de futebol. Respira-se futebol, fala-se de futebol, não se vê mais nada a não ser futebol. Que me perdoem os adeptos do jogo, mas eu não vibro quando o Ronaldo marca golo e o mesmo é entronizado como se fosse Deus. Tenho os meus gostos pessoais, especialmente musica, mas não entronizo nem o Bruce Springsteen nem o David Bowie…ou outro ídolo qualquer. Para mim são homens como os outros, com qualidades e defeitos, como de resto qualquer ser humano. Já os adeptos de futebol, parecem endeusar os treinadores e jogadores…como se eles fossem super-homens. Sou patriota, mas não fico emocionado, quando vejo a bandeira nacional associada a esse culto, que é o Mundial. Além disso, muitas das pessoas que correm para os estádios, e consomem programas de desporto, quando as chamam para cumprir o seu dever cívico, em eleições para o país, não põem os pés nas urnas de voto, todo o patriotismo desaparece para dar lugar à indiferença. Bem sei, que os exemplos que temos, por parte da classe politica, não são muitas vezes os melhores…mas o cidadão que não participa da vida do seu país, perde o direito a reclamar, quando os seus Direitos são ignorados pelas classes dirigentes. E depois, afinal de contas, o mundo do futebol, será melhor que o mundo da politica? O clima entre clubes é de cortar à faca, premiado de insultos e intrigas, de escândalos financeiros e corrupção…ou não será assim?

É por tudo isto, que não gosto de desporto profissional, nem sou adepto de nenhum clube, nem defendo a minha dama no Mundial…por mim passo muito bem sem futebol, viva a musica, a arte e claro…o meu Deus…e por hoje estamos conversados.

O Declínio Moral da América

Noticias que nos chegam da América, dão-nos conta, que os filhos dos imigrantes ilegais, separados dos seus pais, estão a ser postos em jaulas. O mesmo presidente, que foi eleito com a ajuda dos evangélicos americanos, acenando-lhes com o fim do aborto…e a reversão do casamento gay, está a separar crianças dos pais e a maltratá-las. Bem sei que na América já houve escravatura e segregação racial, e a imoralidade sempre grassou por lá, mas toda uma geração de americanos sempre se levantou contra as injustiças e outros levantaram bem alto, os estandartes do evangelho. Isto era a América que nós conhecíamos…a América de hoje, está cada vez mais decadente, e as vozes, que deviam ter a tarefa de a moralizar…estão comprometidas com o poder. Apesar disso, levantam-se pessoas, que procuram reverter esta situação, porém, até agora, parecem não ter êxito. Personalidades como Martin Luther King, Robert Kennedy, o seu irmão John Fitzgerald Kennedy…devem estar a revirar-se no túmulo, com o estado actual da América. Os Estados Unidos já foram uma grande nação, que deu cartas ao mundo, infelizmente, de lá, agora, vêm os piores exemplos. Que saudades que eu tenho, da América que acabou com a segregação racial, que acolhia imigrantes de todo o mundo, que lutava pelos valores do evangelho…agora, os imigrantes são perseguidos, e as forças mais reacionárias influenciam o poder. Podemos dizer, à guisa de conclusão, que a América está em crise e não se avizinham tempos melhores…e isto não é ser pessimista, mas realista.

Bons Velhos Hinos de Antigamente

Há álbuns e canções intemporais, para mim, The Man in Black de Johnny Cash, de 1950, é um desses álbuns. Contendo 60 preciosidades, entre Country e Rockabilly, passando pela musica Gospel, tem o sabor da boa e velha religião tradicional…daquela em que os evangélicos americanos, louvavam o seu Deus com sentimento. É certo e sabido que Johnny Cash era cristão. Tendo passado por todas as estações da vida, de pecador a santo, de viciado em anfetaminas a cristão, emprestando com sua voz, vida e sentido a esses hinos. Não pensem com isto, que eu sou um tradicionalista ferrenho e mando às urtigas as modernas canções gospel, mas há uma autenticidade em Johnny Cash, que faz adivinhar, as lutas que ele passou até se tornar cristão. Johnny tinha uma habilidade especial, para fazer transparecer, nas suas canções, o que lhe ia na alma e é uma figura incontornável da América. Desfrutem das canções de Johnny Cash e sintam a sua genialidade e o seu talento…boas audições.

Passeios Junto ao Mar

Vivo numa zona ao pé do mar, e muitas vezes passeio à sua beira. Porém confesso, que não gosto dos aglomerados da praia, no verão…e faz-me confusão, o facto das pessoas procurarem um espaço minúsculo na areia e ficarem a torrar ao sol todo o dia. Já o espectáculo do mar, faz-me reflectir. Em primeiro lugar, faz-me reflectir sobre a criação de Deus, tão imenso, tão misterioso e tão belo, só um Deus infinitamente sábio e poderoso, poderia criar algo como o mar. Em segundo lugar, quer esteja encapelado no inverno ou calmo no verão, faz-me lembrar as estações da vida. Por vezes, passamos por tempestades e tormentas, na nossa vida…outras vezes, tudo está calmo e o sol brilha para nós, nunca sabemos quando uma ou outra estação vêm a nós, tudo pode mudar num momento. Em terceiro lugar, o mar faz-me lembrar o infinito, ou a eternidade…creio plenamente que existe uma outra dimensão, além desta…e que a vida não termina aqui, nesta dimensão em que vivemos. Olhar o horizonte do mar, faz-me imaginar outras paragens, outras terras, que nós não vemos, mas estão lá, algures. Também somos navegantes, que viajamos em embarcações frágeis, pelo mar da vida, nascemos aqui, atravessamos esta vida…e morremos, todos temos esta viagem para fazer…e múltiplas oportunidades de escolher, ou isto ou aquilo, somos donos do nosso destino, o que escolhermos agora, determinará o nosso futuro…aqui e na eternidade…boa viagem para todos.

O Espírito do Rock

Quem me conhece intimamente, sabe que sou cristão, moralmente conservador, politicamente progressista…e que gosto de Rock n´Roll. Como conciliar estas três coisas, num só individuo? As primeiras duas, explicam-se facilmente, sou cristão, de moralidade conservadora mas sou pela justiça social e a democracia…nada de confuso ou indefensável. Mas a terceira coisa bem pode baralhar muita gente, especialmente muitos dos meus irmãos na fé…como posso ser cristão, moralmente conservador e ao mesmo tempo, gostar de Rock n´Roll?

Aparentemente, são duas coisas inconciliáveis…ser cristão e gostar de uma coisa rebelde como o Rock. Tudo se explica facilmente, se tivermos em conta que a palavra chave da musica Rock é a liberdade. Sou a favor de uma arte livre e irreverente, especialmente em musica, e é por isso que gosto de musica Rock. Mas o Rock é hedonista e potenciador de excessos, como sexo desenfreado e drogas…sem duvida que o é, mas eu como cristão, e ser humano, posso rejeitar os excessos do Rock n´Roll e ao mesmo tempo aceitar, que ele seja livre e efusivo, na sua expressão musical. Sou pelo mesmo espírito, na musica cristã contemporânea, salvaguardando os hinos tradicionais que canto todas as semanas na igreja. Eu sou do tempo, em que o Rock era considerado musica do diabo, pela igreja, e dos danos na fé, que isso causou em mim e em muitos jovens. Hoje há muitos jovens na igreja, que gostam de Rock e têm uma livre expressão musical, ao nível de musica cristã, graças a Deus que hoje isso já é possível, não desfazendo nos meus irmãos mais idosos, que têm gostos musicais mais conservadores. No fundo tudo se resume a isso, duas visões diferentes da musica, tanto secular como cristã.

Eis, como posso ser cristão e amante, ao mesmo tempo, de musica Rock.

Individualismo ou Colectivismo

Há uma questão com que me interrogo há algum tempo, vivemos numa sociedade individualista ou colectivista? Não é simples responder a esta pergunta, porque para umas coisas somos individualistas…para outras, colectivistas. Quando se trata de direitos individuais, defendemos fervorosamente o nosso canto, quando queremos impor a nossa vontade a um grupo, unimos os nossos esforços em uma entidade colectiva. Nenhuma dessas coisas é necessariamente negativa, é verdade que temos um eu, uma entidade individual e convém que estejamos confortáveis com o nosso eu…mas nenhum de nós é uma ilha em si mesmo, e necessitamos também de interagir com os outros.

O problema é que quando um grupo tenta impor a sua vontade aos outros…violando a consciência individual dos mesmos outros, ou inversamente, quando um só procura manipular a vontade colectiva dos outros. Estes dois tipos de comportamento são igualmente condenáveis e são uma violação dos nossos direitos, quer individuais quer colectivos. Lamentavelmente vemos essas tendências na nossa sociedade, quer na politica, quer no desporto, quer noutras áreas e nem sempre é fácil identificar esses fenómenos…por vezes vemos um determinado grupo, manipular de tal maneira a vontade dos outros, que aquilo que dizem, parece ser o mais correcto. Inversamente, nem sempre é fácil a um grupo, reconhecer, quando está a ser manipulado pela vontade de um só…uma mentira, muitas vezes repetida, torna-se verdade, isto funciona nos dois casos e é preciso muito cuidado, para não sermos manipulados pelos outros.

Aprendamos a distinguir a verdade do erro e não sejamos nem carneirada, nem pessoas dominadas pelo ego.

O Leão da Estrela

Um dos filmes mais vistos pelos portugueses, é O Leão da Estrela, quer na versão velhinha dos anos 40, quer na versão contemporânea. Sendo um clássico do cinema português, retrata a rivalidade entre dois adeptos de futebol, um do FCP e outro SCP, que se tornam compadres, dando aso a uma série de peripécias engraçadas. E uma vez dado o mote, eis que não lhes venho falar de cinema, mas de futebol e do clima do futebol, mais precisamente do Sporting…e não só.

Não existe nada de mais improvável, hoje em dia, que a camaradagem entre estes dois compadres…hoje em dia existe um clima de ódio e suspeição entre os clubes de futebol, alimentado por dirigentes, que querendo se eternizar no poder, acicatam os adeptos dos seus clubes, uns contra os outros, criam-se politicas e divisões internas, tornando o clima dos seus clubes irrespirável. Ir ao futebol, tornou-se um risco perigoso, e o jogo já não tem nada daquela rivalidade saudável de outros tempos. Bem vistas as coisas, transpõe-se para o futebol, o clima que existe em toda a sociedade e especialmente na politica, não só o meu partido é inimigo do partido do outro, como no próprio interior das organizações, é um saco de gatos.

E contudo, para quê este clima irrespirável, se todos somos humanos e temos aspirações semelhantes, não era mais fácil viver em paz e assumir as diferenças com cavalheirismo? Não sou adepto de futebol nem partilho o maniqueísmo das facções, mas não posso deixar de observar o mundo à minha volta e deixar de lamentar.

Save the Last Dance for Me

Hoje ao ouvir Bruce Springsteen interpretar a canção Save the Last Dance for Me, recordei-me da pequenina, era assim por esse nome, que conhecia uma certa moça, quando eu tinha 17 ou 18 anos. O Bruce tem esse efeito, consegue ser imparável no ritmo….e sentimental também, noutras ocasiões. A pequenina, era uma moça rockeira de gema, com quem eu dançava o ultimo slow antes da discoteca fechar a matine, parece que ainda a estou a ver, vestida de ganga, alegre e sentimental…quando a sessão estava a terminar, lá estava ela, sempre à espera que eu a convidasse para dançar. Ela acabou por desaparecer e eu nunca mais a vi…mas dizem que o primeiro amor nunca se esquece, e é assim de facto.

Como já disse, o Bruce tem esse efeito, faz-nos ir buscar o que de mais profundo e sonhador, existe em nós, quando ouço esta canção lembro-me desse primeiro amor, e por momentos, revivo a emoção dos slows que dançava com a pequenina.

Onde quer que estejas, desejo-te que sejas feliz, e que a vida, não te tenha roubado a tua alegria e o teu sentimento…obrigado Bruce por me relembrares o meu primeiro amor.